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Filosofia para crianças… eis a questão

A filosofia para crianças incentiva e busca desenvolver a capacidade de pensar sobre os valores éticos e torná-los guias para a ação humana. Nesse contexto, a vida democrática oferece oportunidades para o crescimento moral e o exercício da liberdade de pensar, expressar e escolher. Com a incorporação da filosofia no ambiente escolar, o que se almeja é uma educação voltada para a convivência democrática e para a criação de atitudes sociais de respeito aos semelhantes. Ou seja, considerar pontos de vista diferentes na iminência de modificarem seus próprios conceitos a respeito de temas significativos e de permitirem conscientemente que suas próprias ideias sejam enriquecidas através das interações com os outros. A tarefa do professor é criar condições para que as crianças aprendam os conceitos de forma reflexiva e não mecânica. A educação deve realizar a tarefa de aprender a usar a palavra para significar a experiência.

 

A filosofia infantil tem por finalidade desenvolver as habilidades cognitivas através do diálogo. Ou seja, por meio de processos e situações que estimulem o aprendizado livre, o pensar ponderado, respeitoso e inventivo. Envolve o exercício de lidar com ideias divergentes, com variedade cultural e consequentemente, de buscar a convivência saudável. A curiosidade da criança busca o questionamento, possui a ânsia de compreender os significados e as utilidades da experiência e do mundo, e faz da descoberta da linguagem um elemento para capturar as pontes entre ela e o outro através da interação social. Portanto, elas são capazes de construir o conhecimento e o aprendizado através do enfrentamento de situações em que elas próprias têm que buscar respostas e soluções.

Filosofia para crianças

Fazer filosofia com as crianças é criar a prática de pensar. Propor o questionamento sobre conceitos comuns, centrais, controversos e problemáticos da experiência infantil a fim de que possam ser adequadamente investigados e não simplesmente respondidos com “verdades absolutas” ditadas pela experiência do adulto. Ou seja, da mesma maneira que a criança aprende a falar, a andar, também aprende a filosofar, quando indaga sobre as coisas do mundo que a cerca. Por isso, a filosofia para crianças propõe que os conceitos e problemas sejam explorados utilizando-se das habilidades de pensamento (habilidades de raciocínio, investigação, interpretação e conceituação), das habilidades sociais (estas ligadas à empatia), da descentralização e do agir com base à regras estabelecidas em comum.

 

 

A filosofia para crianças tem como foco introduzir de forma intencional o exame filosófico na formação das crianças desde os primeiros anos da educação formal e informal. Afinal, aprender a pensar por si mesmo é uma forma de investigação filosófica que emprega a lógica para um pensar crítico, a dimensão estética para um pensar criativo e a dimensão ética para um pensar cuidadoso. O pensar multidimensional – crítico, criativo e cuidadoso – está ancorado no campo filosófico. A pedagogia para o aprender a pensar bem é o diálogo investigativo em comunidade. O mesmo processo pode ser ampliado para as outras práticas pedagógicas nas diversas áreas do conhecimento.

 

Filosofia para crianças na escola

Trabalhar a filosofia com as crianças, tem a facilidade de aproveitar algumas de suas características especiais, por exemplo, a inclinação para a curiosidade, para a indagação, investigação, debate e reflexão. Assim, enfatizam os valores (especialmente os morais), a coexistência social, a importância do pensar de modo reflexivo, autônomo, global e sistemático, propícios ao filosofar. Colaboram inclusive na formação de cidadãos competentes em solucionar problemas e encontrar saídas criativas e éticas, nos diversos contextos em que vivem. E com isso, as crianças devem ser estimuladas para a curiosidade sobre o mundo e preparadas para embarcar em uma investigação colaborativa com os amigos.
A filosofia faz a criança viajar no imaginário. Também faz explorar uma variedade de conceitos e ideias que são suficientemente intrigantes para levar ao questionamento e à investigação.

 

 

Filosofia para crianças… eis a questão!

Para o autor Matthew Lipman há algo em comum entre as crianças e os filósofos: a capacidade de se maravilhar com o mundo. Os filósofos levam esta capacidade de maravilhamento às últimas consequências, descobrindo e investigando os problemas da experiência humana. Tais problemas giram em torno de conceitos centrais, comuns e controversos em nossa experiência. Desta forma, os filósofos conseguem criar e reconstruir conceitos e buscar formas de explicação mais abrangentes para os problemas da vida. As crianças ficam intrigadas com os mesmos conceitos problemáticos, ou seja, colocam-se questões sobre a verdade, as regras, a justiça, a realidade, a bondade, a amizade, etc. Necessitam, portanto, de uma educação filosófica para tratar destas questões e, simultaneamente, aprender os processos do raciocínio e do julgamento.

Segundo alguns autores, a filosofia deve fazer parte do cotidiano da escola desde a educação infantil, pois através do seu trabalho, poderá proporcionar espaços para o desenvolvimento de pesquisas, leituras e discussões. Introduzir a filosofia na infância abre a possibilidade para que os pequenos vejam o mundo de uma forma diferente desde cedo. Refletir sobre o dia a dia, o ciclo das coisas e a própria existência, muda a forma de se posicionar diante da vida. Trata-se, de respeitar a dignidade da criança, um ser ativo, presente, brincante, pensante, portador e produtor de saberes. Assim como, de garantir o direito à liberdade de pensar, de escolher, de agir e de se expressar. E diante disto, fazer filosofia é uma necessidade humana básica para poder lidar de maneira inteligente com os desafios e conflitos da vida da criança.

 

Por fim, fica a reflexão: se o papel da filosofia é problematizar, tirar da zona de conforto e colocar a caminho do novo, do inusitado. Quem desenvolve o pensamento filosófico transforma a si mesmo enquanto pensa e, consequentemente, o mundo a sua volta já não pode ser o mesmo?

 

Referências:

Michel de Montaigne, autor da “A educação das crianças”.

Matthew Lipman, autor norte-americano. Desde 1970 tem se dedicado à introdução da Filosofia nas escolas de primeiro e segundo graus, com um Programa de Filosofia para Crianças.

 

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